Como aprender a estudar para passar em seleções públicas?

 Estudar. Sem dúvida alguma, essa é a única forma de passar em um concurso público. Mas escolher o melhor método para alcançar esse objetivo é a primeira dúvida que o concurseiro enfrenta. Organizar o tempo e se matricular em um bom curso preparatório, geralmente, são as receitas infalíveis não só para passar no exame, como também para estar entre os melhores. Se preparar em casa ou com grupos de discussão são outras opções para os que não se adaptam a rotina de pressão e dedicação integral aos estudos. No mundo dos concurseiros, são exemplos e dicas de quem já viveu esse dilema que muitas vezes norteiam aqueles que não sabem por onde começar.




A experiência da socióloga Daniela Panteão, 24 anos, sugere que cursinho preparatório é para quem quer abdicar da vida social até passar no concurso dos sonhos. “Eu fiz um mês de cursinho e desisti. As aulas e o ambiente transmitiam aquela sensação de que minha vida tinha que ser só isso: estudar. Se eu quisesse ficar ali, teria que me entregar completamente aos estudos, ou me sentiria fora de lugar já que todos estavam ali para isso”, explica.

A alternativa que Daniele encontrou foi estudar com um grupo de colegas em casa ou na biblioteca. “Eu me senti mais relaxada. O compromisso era comigo, e não com as aulas. Estudei seis meses, todos os dias da semana, três a quatro horas por dia. O resultado foi uma boa colocação no concurso para nível superior da Funai”, ressalva. A socióloga pondera que a seleção não foi muito concorrida e o conteúdo não era complexo. “Talvez o curso seja muito bom para quem quer passar naqueles concurso mais difíceis e que realmente exige muita dedicação”, complementa.

Aos 26 anos de idade, o técnico do Ministério Público da União (MPU) e estudante de Direito, Denis Soares França, já passou em 11 concursos públicos para nível médio. Entre eles, os concorridíssimos Polícia Rodoviária Federal (PRF), Banco do Brasil e o próprio. Ao contrário da maioria dos seletos brasileiros que conseguem tal façanha, Denis nunca fez um curso preparatório para realizar as provas nem mesmo ficou meses debruçado sobre os livros. É o típico estudante que ‘só estuda de véspera’.

Como conseguiu todas as aprovações? Denis resume: não basta estudar, é preciso aprender a fazer provas. Mesmo quando não está interessado em um cargo, ele faz o exame para treinar. “Penso que se a pessoa não faz isso corre o risco de estudar errado, por não saber como o conteúdo aparece na prova, além de não estar treinado com a pressão que a situação da prova impõe. É necessário conhecer a instituição que está organizando o concurso, treinar em cima do modo como ela cobra as questões. O conteúdo não basta. Brinco com os amigos que eu não sou um concurseiro, mas um concursólatra. Gosto de fazer provas. E quem não gosta, sempre encontra mais dificuldades”, ensina.

Para Fábio Vinícius Ottoni, de 28 anos, bastou um mês de estudo em casa – intercalado com as matérias do curso de Sociologia da Universidade de Brasília – para ser aprovado em primeiro lugar no concurso da Polícia Civil de Goiás, em 1999, aos 20 anos de idade. “Sorte não existe em concurso. Reconheço que sempre tive facilidade para aprender as matérias e muito bom-senso também. Mas nunca tive tempo e disposição para fazer cursinho”, conta o goiano.

Desde então, Fábio já passou em três concursos públicos em boa colocação: em 12º lugar no Ministério Público da União (MPU), onde hoje é coordenador jurídico, 2º colocado para analista do Tribunal Regional Eleitoral (TRe) de Goiás; e entre os 300 primeiros de 600 mil candidatos da Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Quando você estuda muito, faz cursinho e se dedica totalmente, faz o exame com muita responsabilidade, nervosismo. Eu não. Sempre cheguei lá relaxado, sem muitas preocupações. Acredito que influiu muito”, reflete Fábio.

Orientação

O analista Allan Fragoso, 31 anos, credita ao curso preparatório que fez durante oito meses pela sua aprovação no concurso do Ibama. “Apesar de ser muito estressante, fazer o cursinho foi a minha salvação. No início, eu tive muita resistência, porque achei caro e não queria voltar para sala de aula. Mas quando comecei a estudar sozinho em casa, vi que não ia dar certo. E resolvi investir”, conta.

Allan lista os benefícios que o cursinho trouxe para seu estudo. “Os professores me direcionaram para o que tinha que estudar, resumiram bem a matéria e ensinaram os macetes das provas da instituição organizadora. Mas o principal foi ter um local que me fizesse estudar. Em casa eu não conseguia me concentrar, por mais que eu estivesse sozinho. Lá, tinha sempre centenas de pessoas e eu não me desligava”, diz o analista.

Para o professor de Direito Administrativo José Wilson Granjeiro, o curso preparatório serve para orientar os estudos e dar o suporte necessário aos candidatos que não têm familiaridade com o conteúdo exigido nas provas. “O tempo de preparação é muito curto. E, no cursinho, o aluno tem a oportunidade de ter a matéria mastigada, resumida. Ele não perde tempo estudando o conteúdo inteiro, só o que vai realmente vai ser cobrado. Além disso, o ambiente favorece o estudo. Ele não se dispersa, sente a competição de perto e não desanima”, afirma Granjeiro.

Há 18 anos atuando como professor de cursinho para concursos, ele afirma que tempo ideal de preparação para uma prova é de seis meses a um ano e meio. E ressalta: não basta ter formação superior e experiência. “Tem que estar bem preparado para o que vai ser exigido. Um exemplo disso foi um aluno nosso que ficou em primeiro lugar para o cargo de técnico do Tribunal de Justiça (TJDF). Ele tinha 18 anos e acabado de se formar no ensino médio. Ele apenas se preparou bem”, complementa.

Organizar o tempo

De acordo com a psicóloga Sandra Lobato, organização e disciplina são as palavras-chave para um bom estudo. “Aliás, não só para estudar, mas para desenvolver qualquer tarefa do dia-a-dia. Se você planeja bem o seu tempo, terá certeza que as prioridades serão cumpridas. Mas tem que seguir à risca, senão, vai enganar a si próprio”, afirma.



Confira algumas dicas da psicóloga para aproveitar melhor o tempo de estudo:

- Trace uma estratégia de estudo e siga à risca o plano estabelecido;

- Concentre-se em uma matéria de cada vez;

- O ideal é dedicar no mínimo duas horas de estudo por dia. Se o prazo for curto, priorize as matérias em que já tem afinidade. Não adianta estudar o conteúdo pela metade;

- Em seu planejamento, alterne entre leitura, escrita e resolução de problemas;

- Separe um tempo reserva para tirar dúvidas e atender a imprevistos;

- Evite fazer ‘visitas’ à geladeira durante o horário de estudos. Desconcentra. Estude antes ou depois do lanche;

- Reserve também um horário para se descontrair. Nada de agitos muitos fortes e programas longos. Além de desviar o foco, podem trazer a preguiça e desconcentração para o estudo;

- O planejamento deve ser racional e real. Ou seja, deve estar compatível com o seu ritmo de vida. Não invente e não se exceda. O estresse é o maior inimigo do estudante.

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