O Processo da Independência Brasileira

O Processo da Independência Brasileira

Quando D. João VI retornou a Portugal, percebeu que seus poderes haviam sido significativamente reduzidos. O país possuía uma Constituição que limitava o poder do rei e estava sob o controle político das Cortes de Lisboa, uma assembleia de parlamentares representantes da burguesia lusitana.

Contexto Econômico e Político

O principal objetivo dessa burguesia era recuperar economicamente o reino português. Uma das causas mais apontadas para a ruína econômica de Portugal era a abertura dos portos brasileiros em 1808, que desmantelou o monopólio comercial português. As Cortes então planejaram recolonizar o Brasil para reconquistar os antigos privilégios comerciais, exigindo a anulação de duas importantes medidas de D. João:

  • A abertura dos portos, o que significaria a perda da liberdade de comércio do Brasil.
  • A elevação do Brasil a Reino Unido, o que implicaria na perda da autonomia administrativa.

Sem força suficiente para recolonizar o Brasil de imediato, as Cortes começaram a enfraquecer gradualmente a autoridade administrativa de D. Pedro, exigindo seu retorno a Portugal.

Reação dos Brasileiros

Os grandes proprietários de terras no Brasil rapidamente perceberam as intenções das Cortes e como essas ações prejudicariam seus negócios. Decidiram, então, manter a liberdade de comércio e a autonomia administrativa do país, organizando-se em torno de D. Pedro e dando-lhe todo o apoio para resistir e desobedecer às ordens vindas de Portugal. Essa coalizão política incluía figuras como José Bonifácio, Cipriano Barata e Gonçalves Ledo, unidos temporariamente contra o inimigo comum: as Cortes de Lisboa.

Esses homens organizaram um documento com cerca de 8 mil assinaturas pedindo que D. Pedro permanecesse no Brasil. Ao receber o documento, em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro declarou: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico". Este dia ficou conhecido como o Dia do Fico.

Caminho para a Independência

Meses depois, José Bonifácio de Andrada e Silva aconselhou D. Pedro a assinar um decreto declarando que as ordens das Cortes portuguesas só seriam cumpridas no Brasil com sua autorização. Em 13 de maio do mesmo ano, D. Pedro recebeu o título de "Defensor Perpétuo do Brasil" em uma festa organizada por políticos brasileiros e líderes da maçonaria.

As Cortes portuguesas continuaram tentando submeter a autoridade de D. Pedro, levando a um ponto em que a independência do Brasil não podia mais ser adiada. Assim, em 7 de setembro de 1822, a independência do Brasil foi proclamada oficialmente em São Paulo, às margens do riacho Ipiranga.

Ao retornar ao Rio de Janeiro, D. Pedro foi aclamado imperador e coroado como D. Pedro I em 19 de dezembro de 1822.

Limites da Independência

A independência brasileira foi um processo conduzido inteiramente pelas classes dominantes, não modificando as duras condições de vida da maioria dos brasileiros. A independência tinha como finalidade principal preservar a liberdade de comércio e a autonomia administrativa do país. As injustiças socioeconômicas e a escravidão do negro foram mantidas, e o Brasil "independente" passou a estar sob a dominação capitalista da Inglaterra, saindo dos laços coloniais portugueses.

A independência proclamada em 7 de setembro de 1822 não trouxe grandes mudanças para o povo, que continuou a sofrer com as mesmas injustiças sociais e econômicas de antes.

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